A pressão sobre a infraestrutura portuária apareceu com força em agosto. Exportadores de café registraram R$ 5,9 milhões adicionais em armazenagem e relataram atrasos generalizados nas janelas de embarque. O retrato do mês ajuda a entender a dimensão dos riscos operacionais e financeiros para cadeias que dependem de contêiner.
Segundo o Cecafé, 624.766 sacas deixaram de ser embarcadas no período, o que equivale a 1.893 contêineres fora do fluxo. Em paralelo, 50% dos 335 navios que passaram pelos principais portos do Brasil tiveram atraso ou alteração de escala.
O Porto de Santos, responsável por 80,2% das exportações de café no acumulado do ano, registrou 67% de atraso ou mudança de escala entre 182 porta-contêineres. A espera máxima chegou a 47 dias no mês. No complexo do Rio de Janeiro, 38% dos navios sofreram atraso e a janela entre o primeiro e o último deadline alcançou 36 dias.
Os não embarques de agosto representaram US$ 221,28 milhões em receita cambial não realizada. O boletim cita preço médio FOB de US$ 354,18 por saca e câmbio médio de R$ 5,4463 no período.
O Cecafé defende investimentos rápidos em capacidade portuária, diversificação modal e a inclusão de indicadores logísticos na nova lei dos portos. A entidade reporta reunião com o deputado Arthur Maia e o pedido de audiência pública na Câmara para discutir o esgotamento da infraestrutura e a governança dos CAPs com participação dos usuários.
A combinação de maior fila, janelas comprimidas e prazos voláteis demanda planejamento com cenários alternativos, checagem constante de prazos por porto e linha e registro de evidências operacionais. Para cargas sensíveis a tempo e custo, o papel do agenciamento marítimo é coordenar fornecedores, alinhar documentação e antecipar gargalos para reduzir permanência em retroárea e remarcações.
Conclusão
Os números de agosto evidenciam pressão sobre janelas, custos e previsibilidade. Cadeias com forte dependência de contêiner tendem a se beneficiar de informação confiável, governança de prazos e planos de contingência bem definidos.
Fonte: Portos e Navios